A Colher que Desaparece – O Veredito

Imagem de capa com o livro A Colher que Desaparece à esquerda e o texto "Livro #2, A Colher que Desaparece, Sam Kean" à direita.

A Colher que Desaparece é na maior parte um livro de história e não um livro de química.

Sam Kean narra as disputas políticas, guerras e é claro, descobertas de cientistas que estavam comprometidos em contribuir com o conhecimento. Tudo isso envolvendo os elementos da tabela periódica.

Vou listar aqui as principais curiosidades da ciência que aprendi durante a leitura. Deixo os detalhes históricos para quem quiser ler o livro.

E antes que eu me esqueça, sugiro fortemente a quem for ler que o faça com uma tabela periódica interativa como esta aqui por perto. Sempre que o autor citar um elemento, é só consultar.

Curiosidades

  • 75% dos elementos da tabela são metais.
  • Apenas o mercúrio (Hg) e o bromo (Br) são metais líquidos à temperatura ambiente (como falamos no texto Mercúrio e os Peixes).
  • Até 1890 os cientistas analisavam ácidos ou bases usando um método não muito seguro: colocando os dedos ou sentindo o gosto.
  • Existe um superácido 100 nonilhões de vezes mais forte que o suco gástrico. É uma mistura de ácido fluorídrico (HF) com pentafluoreto de antimônio (SbF5). Seu ph é de -31 e é capaz de dissolver vidro. Mas o ácido mais forte é o carborano (HCB11Cl11)
  • O carbono (C) é um elemento essencial à vida. Ele é a base dos aminoácidos, que são capazes de se agrupar para formar proteínas. O carbono partilha seus elétrons com até quatro átomos, simultaneamente e essas ligações são bastante estáveis. Devido à similaridade do silício (Si) com o carbono (o silício está logo abaixo do carbono na tabela), é possível que em outros planetas a vida tenha surgido tendo o Si como base. Porém, mesmo sendo similar, o silício não tem as mesmas propriedades do carbono. O silício não dissolve na água, por exemplo.
  • O bico de Bunsen recebeu esse nome em homenagem ao alemão Robert Bunsen. Mas não foi ele quem inventou o queimador. Bunsen aperfeiçoou o projeto original do britânico Michael Faraday e o tornou popular por volta de 1800.
Imagem com um desenho do dispositivo queimador Bico de Bunsen.
O Bico de Bunsen não foi inventado por Robert Bunsen.
  • O russo Dmitri Mendeleiev é conhecido por ter criado a primeira tabela periódica em 1869, mas ele não a inventou sozinho. Seis pessoas criaram a tabela de forma independente. O fato é que Mendeleiev fez a maior parte do trabalho para criá-la e o fez da forma mais elegante. Mendeleiev e Bunsen foram contemporâneos. Bunsen orientou Mendeleiev por um tempo enquanto ele estudava em Heidelberg, Alemanha. Mendeleiev não acreditava na existência de átomos. Ele rejeitava a existência de coisa que não podia ver. O químico russo também previu a existência de elementos que ainda não haviam sido descobertos.
  • O capítulo 4 tem uma ótima explicação de como as estrelas são as fornalhas que dão origem aos elementos químicos, um pouco mais minuciosa do que a que vemos no livro Origens (saiba mais em Origens – O Veredito).
  • O estadunidense Clair Patterson concluiu em 1953 que a idade da Terra é de 4,55 bilhões de anos, o que é bem próximo do valor mais aceito hoje de 4,54 ± 0,05 bilhões de anos. Ele fez análises de níveis de chumbo em diversos materiais para chegar a essa conclusão. Inclusive de fragmentos do meteorito* Canyon Diablo, encontrados numa cratera no Arizona, EUA. Esse meteorito seria parte do resquício da formação do Sistema Solar que não se aglomerou para formar um planeta. Portanto, a idade dessa rocha seria comparável à idade da Terra.
  • O estadunidense Glenn Seaborg participou da descoberta de dez elementos, entre eles o seabórgio (Sg). Seaborg foi, assim, a primeira pessoa em vida a ter o nome de um elemento em sua homenagem.
  • Os flocos de neve têm seis pontas devido à estrutura hexagonal do gelo.
  • O autor destaca três elementos à direita do mercúrio (Hg – 80) e dá a esse trecho da tabela o nome de “corredor do envenenamento”. É composto pelo tálio (Tl), chumbo (Pb) e Polônio (Po). Segundo ele, o tálio é considerado o mais venenoso dos elementos, o “veneno dos envenenadores”.
  • Se você reparar na tabela periódica, o bismuto (Bi) está no meio desse corredor. Mas ele é benigno e até forma cristais muito bonitos! (veja abaixo no vídeo do Manual do Mundo).
  • Micróbios como fungos e bactérias são afetados quando absorvem o cobre (Cu). Enquanto as células humanas não sofrem com esse elemento, o cobre interfere no metabolismo dos micróbios e eles morrem em algumas horas. Por isso os corrimãos e maçanetas públicos geralmente são feitos de latão (cobre e zinco) ou material parecido.
  • A polonesa Marie Curie decidiu homenagear seu país natal após descobrir o elemento que veio a chamar de polônio (Po). Curie vivia na França e em 1911 ganhou o prêmio Nobel não só pelo trabalho com o polônio, mas também pelo trabalho com o rádio (Ra).
  • As notas de papel de Euro têm uma tinta fluorescente especial com európio (Eu). Por causa desse e de outros mecanismos de segurança o Euro é o papel-moeda mais sofisticado que existe.
  • O alumínio (Al) já foi mais caro que o ouro (Au).
  • Existiu um reator natural de fissão nuclear movido a urânio, água e algas numa região chamada Oklo, no Gabão. Ele surgiu há ~1,7 bilhão de anos. (veja mais sobre o reator natural de Oklo abaixo no vídeo do SciShow).

Conclusão

A Colher que Desaparece tem diversos tesouros enterrados, assuntos dos quais você talvez não tenha ouvido falar mais que vai pegar para pesquisar e saber um pouco mais.

Apesar de contar a história da tabela periódica, Sam Kean não segue bem uma ordem cronológica, o que pode tornar as coisas um pouco confusas.

E como disse no início, este não é um livro de química, mas sobre química. Cuidado com as expectativas.

Acho que vale a pena a leitura principalmente por causa desses tais tesouros. São o tipo de coisa super interessante que a gente não vê nas aulas de química.

*No livro está escrito meteoro, o que está errado.


Se você gostou, dá aquele clique no botão da sua rede social favorita pra ajudar a espalhar esse texto.

E se você aprendeu algo novo ou já tinha lido o livro, me conta aqui nos comentários.

Você pode gostar...

1 Resultado

  1. 18 de junho de 2016

    […] Na minha opinião, foi o melhor dos três livros da série (os outros foram “Origens” e “A Colher que Desaparece“). […]

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Damos valor à sua privacidade

Nós e os nossos parceiros armazenamos ou acedemos a informações dos dispositivos, tais como cookies, e processamos dados pessoais, tais como identificadores exclusivos e informações padrão enviadas pelos dispositivos, para as finalidades descritas abaixo. Poderá clicar para consentir o processamento por nossa parte e pela parte dos nossos parceiros para tais finalidades. Em alternativa, poderá clicar para recusar o consentimento, ou aceder a informações mais pormenorizadas e alterar as suas preferências antes de dar consentimento. As suas preferências serão aplicadas apenas a este website.

Cookies estritamente necessários

Estes cookies são necessários para que o website funcione e não podem ser desligados nos nossos sistemas. Normalmente, eles só são configurados em resposta a ações levadas a cabo por si e que correspondem a uma solicitação de serviços, tais como definir as suas preferências de privacidade, iniciar sessão ou preencher formulários. Pode configurar o seu navegador para bloquear ou alertá-lo(a) sobre esses cookies, mas algumas partes do website não funcionarão. Estes cookies não armazenam qualquer informação pessoal identificável.

Cookies de desempenho

Estes cookies permitem-nos contar visitas e fontes de tráfego, para que possamos medir e melhorar o desempenho do nosso website. Eles ajudam-nos a saber quais são as páginas mais e menos populares e a ver como os visitantes se movimentam pelo website. Todas as informações recolhidas por estes cookies são agregadas e, por conseguinte, anónimas. Se não permitir estes cookies, não saberemos quando visitou o nosso site.

Cookies de funcionalidade

Estes cookies permitem que o site forneça uma funcionalidade e personalização melhoradas. Podem ser estabelecidos por nós ou por fornecedores externos cujos serviços adicionámos às nossas páginas. Se não permitir estes cookies algumas destas funcionalidades, ou mesmo todas, podem não atuar corretamente.

Cookies de publicidade

Estes cookies podem ser estabelecidos através do nosso site pelos nossos parceiros de publicidade. Podem ser usados por essas empresas para construir um perfil sobre os seus interesses e mostrar-lhe anúncios relevantes em outros websites. Eles não armazenam diretamente informações pessoais, mas são baseados na identificação exclusiva do seu navegador e dispositivo de internet. Se não permitir estes cookies, terá menos publicidade direcionada.

Visite as nossas páginas de Políticas de privacidade e Termos e condições.

Importante: Este site faz uso de cookies que podem conter informações de rastreamento sobre os visitantes.
Criado por WP RGPD Pro