Livro “A História da Biologia” — O Veredito

Imagem de capa com o livro A História da Biologia à esquerda e o texto "A História da Biologia, Anne Rooney" à direita.

Veja a resenha deste livro de Anne Rooney que conta a história de uma das mais fascinantes ciências naturais: a biologia!

“A biologia é o estudo da vida, e a história da biologia é a suprema narrativa da descoberta”.
— Anne Rooney

A História da Biologia, de Anne Rooney, é uma porta de entrada para as ciências biológicas, dando uma boa introdução à investigação da vida na Terra a todos os interessados no tema.

Adentrando aspectos históricos e culturais das principais descobertas científicas ao longo do estudo da vida, somos convidados a participar de uma jornada desde antes da Antiguidade Clássica, com os primeiros registros de observação de animais e plantas, até os tempos modernos, com o desenvolvimento da biologia molecular e da genética.

Somos provocados do início ao fim da leitura a pensarmos em questões básicas, porém fundamentais, como: O que é a vida? Somos vivos? Por que estamos aqui?

Apesar das generalizações, talvez não tão precisas em um campo do conhecimento conhecido por suas diversas exceções, Anne Rooney mais que compensa nosso tempo com ilustrações, estudos de caso e contextos incríveis que rodeiam a história da biologia.

Afinal, não basta sabermos o conceito sobre algo, mas também como esse entendimento foi descoberto. E nisso Anne Rooney mostra que é uma grande investigadora em diferentes frentes do saber, induzindo-nos a partilhar de suas pesquisas literárias.

Confira os 4 grandes temas que A História da Biologia aborda:

1. Como estudar Biologia?

Os primeiros capítulos do livro, incluindo a Introdução, nos dão relances do que está por vir. Nossa curiosidade é aguçada com as maneiras pelas quais os biólogos ancestrais exploraram e pensaram a biologia séculos atrás.

Ao observarmos a vida, podemos notar que existem samambaias, cogumelos, besouros, orcas, ostras e muitos outros. Mas por que eles são tão diferentes entre si? Eles têm algum tipo de parentesco? E se quisermos estudá-los, por onde começar?

Não é de hoje nosso interesse sobre a diversidade dos organismos que observamos. Mais de uma vez na história humana houveram tentativas para padronizar a biologia. Desde as pinturas rupestres feitas por hominídeos pré-históricos até o exemplo clássico de Aristóteles com suas anotações e trabalhos sobre a vida como ele a percebia.

Diversos cientistas propuseram sistemas de classificação para todos os seres vivos, procurando agrupar os mais semelhantes entre si. Um dos mais famosos sistemas foi aquele proposto por Carl Lineu, que apresentou uma hierarquia dos seres vivos por meio de nomes latinizados, ou seja, uma mesma denominação para um mesmo ser vivo em qualquer parte do planeta.

Porém, o sistema de classificação foi se mostrando cada vez mais complexo, originando diversas novas categorias, como Filo, Classe, Reino e Domínio. Isso nada mais é que uma consequência do avanço das tecnologias que temos à disposição para investigar os seres vivos.

Quanto mais investigamos, mais claro fica que qualquer dadas duas espécies têm um grau maior ou menor de parentesco entre si, o que acaba dificultando a sua posição na história natural da vida. Antigamente nos baseávamos apenas em semelhanças e diferenças macroscópicas entre os organismos, isto é, se tinham tamanhos, cores, órgãos ou comportamentos em comum.

Entretanto, nosso poder de pesquisa é maior do que nunca, já que podemos não só estudar a anatomia e hábitos dos seres vivos, mas também seu próprio material genético e compará-lo com virtualmente qualquer outro ser vivo cujas informações genéticas também estejam disponíveis.

2. Quem é quem na Biologia?

A História da Biologia nos ensina que as Ciências Biológicas são multidisciplinares, significando que precisamos dominar algumas disciplinas se quisermos entender um pouco mais sobre como os organismos funcionam e como interagem entre si.

Noções de química, física, geologia e afins são muito importantes para compreendermos o que influencia a vida de um indivíduo. Por exemplo, o ambiente em que uma espécie vive a influencia muito, desde seu nascimento até sua morte, assim como a população em que está inserida, outras espécies que entram em contato positiva e/ou negativamente e muito mais.

Grande parte do livro é dedicada a nos fazer entender melhor o que significa ser um ser vivo. Seja uma planta, um fungo, animal, bactéria, todos precisamos comer, nos desenvolver, nos reproduzir, sobreviver. Mas cada espécie faz isso de uma forma mais ou menos diferente da outra.

O jeito que cada espécie sobrevive interfere na sobrevivência da próxima. Afinal, não poderíamos estar aqui hoje se uma miríade de espécies e indivíduos antes de nós não tivessem simplesmente vivido.

Como exemplo, a quantidade de oxigênio na composição atual da atmosfera é resultado de processos desencadeados por seres vivos fotossintetizantes — que utilizam a energia solar como fonte para produção de energia bioquímica — ao longo de milhões de anos. Isso influenciou positivamente a história natural dos vertebrados terrestres, especialmente os tetrápodas, uma superclasse na qual nos incluímos.

Nós e todos os seres vivos existentes somos resultados de processos e eventos naturais que tinham baixa probabilidade de ocorrer. Tais fatores puderam ser reunidos em uma única teoria que, por si só, também foi resultado de procedimentos investigativos e corajosos de nossos antepassados humanos.

3. O que gerou a biodiversidade do planeta?

A corrida científica para formulação de uma teoria unificada dentro da biologia para explicar a diversidade de toda a vida presente e passada gerou — e ainda gera — grandes debates. Personagens incríveis de nossa história participaram das investigações sobre a origem da biodiversidade da Terra.

Diversas hipóteses foram levantadas e muitos cientistas e leigos se propuseram a desbravar locais inóspitos no mundo para encontrar evidências para a pergunta sobre a origem das espécies.

Alguns exemplos que ilustram a tentativa de unificar a biologia são:

  • expedições na Amazônia brasileira;
  • aventuras em desertos à caça de fósseis;
  • a descoberta de animais gigantescos já extintos, como os dinossauros não avianos;
  • périplos em busca de diversas ilhas pouco conhecidas e com uma variedade extraordinária de vida, como a Ilha de Madagascar, na África;
  • e inúmeros conflitos recheados de ambição e cobiça que marcam exaustivamente a natureza humana.

O século XIX presenciou os estudos pioneiros de Charles Darwin e Gregor Mendel, que trouxeram as noções de evolução biológica, seleção natural, pressões seletivas, hereditariedade, características adaptativas etc., abrindo terreno para investigações mais profundas nos séculos seguintes.

Em seguida, os séculos XX e XXI testemunharam um renascimento do pensamento biológico, abrindo frentes nunca antes imaginadas. É o caso de Rosalind Franklin, cujos trabalhos inéditos deram a base para a descoberta da molécula de DNA e todo seu desdobramento futuro na genética, biologia molecular e biologia celular.

4. O que fazer como todo esse conhecimento?

Provavelmente, nosso conhecimento atual sobre biologia e a interação dos seres vivos com o ambiente em que vivem é maior do que nunca na história humana. Temos, talvez, pela primeira vez, noção do porquê de estarmos aqui, de como podemos estar aqui e como somos capazes de alterar o nosso planeta.

Para se ter uma ideia, o estudo da Ecologia, isto é, a investigação das interações dos seres vivos entre si e com seus respectivos ambientes, nos dá uma visão de como pode ser o futuro da vida no planeta. E se essa visão for considerada negativa para a sobrevivência de nossa e de muitas outras espécies, podemos projetar medidas e ações éticas e sustentáveis para moldar o mundo à nossa volta.

Rachel Carson foi uma das pioneiras intelectuais do século XX nesse sentido, criando um movimento ambiental baseado em evidências ecológicas fortíssimas, que sustentavam seu ponto de vista: seres humanos estão influenciando a vida no planeta, talvez de uma maneira que seja prejudicial a absolutamente todos.

Os próximos passos dessa história serão dados por nós. As novas investigações e descobertas serão dadas por você e eu. Com isso em mente e com a leitura de A História da Biologia, estamos mais preparados para responder a seguinte pergunta:

O que faremos com todo esse conhecimento a partir de hoje?


Referência:
ROONEY, ANNE; A História da Biologia, M Books do Brasil Editora Ltda., 2018

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